sexta-feira, 30 de maio de 2014

Pela Alegria Que Lhe Estava Proposta

"Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus" (Hebreus 12:2).

Ao ler este versículo e a expressão "pelo gozo que lhe estava proposto", ou simplesmente "pela alegria que lhe estava proposta", eu pensei em quão vergonhosa a cruz deveria ser e quanto Jesus deve ter desprezado o que ele ia ter de suportar. Perguntei a mim mesmo como Ele poderia ter alguma alegria na própria morte. Descobri três razões pelas quais creio que, pela alegria que estava proposta, ele sofreu por nós.

1. Ele se alegrou em nos tirar da servidão maligna: "E, visto como os filhos participam da carne e do sangue [eu e você], também ele participou das mesmas coisas [fazendo-se Deus carne], para que, pela morte, aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo, livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão." (Hebreus 2:14-15).

2. Em Lucas 15:4-7, Jesus conta a parábola da ovelha perdida e sobre o pastor que deixou suas noventa e nove ovelhas em busca da centésima, que havia sumido. Quando o homem achou a ovelha que havia se perdido, ele chamou todos os seus amigos e parentes para que pudessem se alegrar com ele. Jesus simbolizou este ato como o sentimento que o Pai tem ao perder um de seus filhos, e a alegria que sente por um pecador que se arrepende. Em seguida, sem perder o ritmo e no mesmo fôlego, em Lucas 15:8-10, Jesus contou a parábola da mulher das dez moedas de prata. A mulher da parábola, que havia perdido uma de suas moedas, procura diligentemente até encontrá-la; e, quando a encontra, chama seus amigos para se alegrarem com ela. Ele fala ainda sobre o regozijo que acontece na presença dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende. 

Duas parábolas foram utilizadas para ilustrar uma mesma coisa: a alegria no céu (onde Jesus está agora) sobre todos aqueles que se tornam cristãos.

3. No Salmo 23, Davi dispõe sobre a comunhão e a alegria eterna que teremos quando encontrarmos com Deus. No versículo 6, o salmista diz que moraremos na casa do Senhor por todos os dias de nossas vidas (NTLH). A "casa do Senhor" é o céu, Jesus é o "Senhor", e "todos os dias de nossas vidas" é para sempre. Você já se perguntou que tipo de alegria seria essa? Davi responde a essa questão no Salmo 16, versículo 11, onde ele escreve: "Na tua presença há fartura de alegrias." 

Quando pensamos sobre o céu, imaginamos o presente maravilhoso que receberão os corpos glorificados no retorno de Cristo. Maravilhoso será o dia em que desfrutaremos da presença do Deus Todo-Poderoso!

E então, qual o motivo da alegria de Jesus? A alegria de acabar com a escravidão do Império da morte, a alegria por cada alma que é adicionada à sua Igreja e a alegria que nós - Jesus e todos nós - dividiremos para sempre e por toda a eternidade. Esta é a alegria que lhe estava proposta!

Na cruz onde Ele sofreu, Ele derramou Seu sangue. Foi nessa mesma cruz, aparentemente vergonhosa, mas não para Ele, que Cristo ofereceu seu corpo. E é na mesa do Senhor que Ele nos oferece a oportunidade de participar do Seu corpo e sangue para a remissão dos nossos pecados (1 Coríntios 10:16; Mateus 26:28). 

Diga-me: "Quem pode recusar um convite como este?"

Por Stan Butler

segunda-feira, 26 de maio de 2014

O Amor de Deus e o Amor de Mãe

Mães: Por que vocês amam seus recém-nascidos? Eu sei, eu sei; é uma pergunta boba, mas me desculpem. Por quê?

Durante meses, esse bebê lhe trouxe sofrimentos. Ele lhe deixou cheia de espinhas e a fez gingar como uma pata. Por causa dele, você suspirou por sardinhas e torradas, e saiu devolvendo tudo pela manhã. Ele lhe chutou a barriga. Ele ocupou um espaço que não era dele, e comeu alimentos que não preparou.

Você o manteve aquecido. Você o manteve seguro. Você o manteve alimentado. Mas será que ele agradeceu?

Você está brincando? Mal saiu da barriga, já começou a chorar! O quarto é muito frio, o cobertor é muito áspero, a babá é muito ruim. E quem ele quer? A mamãe.

Você nunca tira uma folga? Quer dizer, quem fez todo o trabalho nos últimos nove meses? Por que o papai não pode assumir? Mas não, papai não vai assumir. O bebê quer a mamãe.

Ele nem lhe disse que estava chegando. Simplesmente veio. E que chegada! Ele a transformou numa selvagem. Você gritou. Você praguejou. Você cerrou os dentes e rasgou os lençóis. E veja só como você está agora. Suas costas doem. A cabeça lateja. Seu corpo está molhado de suor. Todos os músculos retorcidos e estirados.

Você devia estar brava. Mas está?

Longe disso. Em seu rosto, há um amor maior que a eternidade. Ele não fez nada por você; mas você o ama. Ele trouxe sofrimento para seu corpo e náuseas para suas manhãs, mesmo assim, é o seu tesouro. O rosto dele é enrugado e os olhos turvos; apesar disso, você só consegue falar da boa aparência e do futuro brilhante dele. Ele vai acordá-la todas as noites nas próximas seis semanas, mas isso não importa. Vejo isso no seu rosto. Você é louca por ele.

Por quê?

Por que a mãe ama o recém-nascido? Por que o bebê é dela? Mais que isso. É o sangue dela. É a carne dela. Os tendões dela e a espinha dela. É a esperança dela. É o legado dela. Não importa que o bebê não dê nada a ela. Ela sabe que o bebê recém-nascido é indefeso, fraco. Ela sabe que os bebês não pedem para vir ao mundo.

E Deus sabe que também não pedimos.

Somos ideia dele. Somos dele. Seu rosto. Seus olhos. Suas mãos. Seu toque. Olhe bem no rosto de cada ser humano sobre a terra, e você verá que é semelhante a Ele. Embora alguns pareçam parentes distantes, não o são. Deus não tem sobrinhos, só filhos.

Somos, por incrível que pareça, o corpo de Cristo. E mesmo que não ajamos como o Pai, não há maior verdade que esta: somos d'Ele. Inalteravelmente. Ele nos ama. Infinitamente. Nada pode separar-nos do amor de Cristo (Romanos 8:38-39).

Se Deus não tivesse dito essas palavras, eu seria louco, escrevendo-as. Mas já que Ele o disse, eu seria um louco se não as cresse. Nada pode separar-nos do amor de Cristo.

Por Max Lucado

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Se Não Mexer, Endurece!

Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado” (Hebreus 3.13).

Sabemos que vivemos em um mundo que jaz no maligno (1 João 5.19). Sendo assim, o cristão precisa se cuidar diariamente para não ser levado pela correnteza que é contrária. E o que fazer? Segundo o autor de Hebreus, precisamos a cada dia exortar - cuja tradução mais simples é advertir - um ao outro a fim de não endurecermos. Ora, entendo que ninguém gosta de ser advertido todos os dias. Se tivermos um amigo, um pastor ou líder, que todos os dias nos fala a mesma coisa; geralmente somos tentados a evitar esta pessoa, mas precisamos entender que muitas vezes, Deus usará tais pessoas para nos advertir, a fim de que não endureçamos.

Um dia sem correção, sem meditação, sem contato com a Palavra, será suficiente para tornar nosso coração mais rígido, e quanto maior for a ausência, mais duro ele se tornará. É semelhante ao mingau de aveia que a dona de casa faz no fogo; um minuto sem mexer, criará bolhas ou pelotas, estragando assim o resultado final. Tem de mexer o tempo todo. Um dos grandes males que assolam as igrejas em nossos dias, é a aversão que as pessoas tem de serem exortadas. Nossa sociedade tem se tornado amante apenas de palavras agradáveis, mas rejeitam tudo o que é correção, tornando assim os corações endurecidos. Portanto meu querido leitor, não se revolte contra as advertências, antes creia que, quanto mais a Palavra fala consigo, mais maleável e mais tratável seu coração se tornará ao Espírito Santo.

"Por isso não deixarei de exortar-vos sempre acerca destas coisas, ainda que bem as saibais, e estejais confirmados na presente verdade." (2 Pedro 1 : 12).

Por Leandro Machado

terça-feira, 20 de maio de 2014

Seguindo a Deus de Perto

"A minha alma te segue de perto; a tua destra me sustenta" (Salmos 63:8).

Procuramos a Deus porque, e somente porque, Ele primeiramente colocou em nós o anseio que nos lança nessa busca. “Ninguém pode vir a mim”, disse o Senhor Jesus, “se o Pai que me enviou, não o trouxer” (João 6:44), e é justamente através desse trazer proveniente, que Deus tira de nós todo vestígio de mérito pelo ato de nos achegarmos a Ele. O impulso de buscar a Deus origina-se em Deus, mas a realização do impulso depende de O seguirmos de todo o coração. E durante todo o tempo em que O buscarmos, já estamos em Sua mão: “Ainda que caia, não ficará prostrado, pois o SENHOR o sustém com a sua mão” (Salmos 37:24).

A doutrina da justificação pela fé – uma verdade bíblica, e uma bênção que nos liberta do legalismo estéril e de um inútil esforço próprio – em nosso tempo tem-se degenerado bastante, e muitos lhe dão uma interpretação que acaba se constituindo um obstáculo para que o homem chegue a um conhecimento verdadeiro de Deus.

O milagre do novo nascimento está sendo entendido como um processo mecânico e sem vida. Parece que o exercício da fé já não abala a estrutura moral do homem, nem modifica a sua velha natureza.
É como se ele pudesse aceitar a Cristo sem que, em seu coração, surgisse um genuíno amor pelo Salvador. Contudo, o homem que não tem fome nem sede de Deus pode estar salvo? No entanto, é exatamente nesse sentido que ele é orientado: conformar-se com uma transformação apenas superficial.

É uma tragédia que, nesta época de trevas, deixemos só para os pastores e líderes a busca de uma comunhão mais íntima com Deus.

Agora, tudo se resume num ato inicial de aceitar a Cristo, e daí por diante não se espera que o convertido almeje qualquer outra revelação de Deus para a sua alma. Estamos sendo confundidos por uma lógica espúria que argumenta que, se já encontramos o Senhor, não temos mais necessidade de buscá-lo.

Quando o Senhor dividiu a terra de Canaã entre as tribos de Israel, a de Levi não recebeu partilha alguma. Deus disse-lhe simplesmente: “Eu sou a tua parte e a tua herança no meio dos filhos de Israel” (Números 18:20b), e com essas palavras tornou-a a mais rica que todas as suas tribos irmãs, mais rica que todos os reis e rajás que já viveram neste mundo. E em tudo isto transparece um principio espiritual, um principio que continua em vigor para todo sacerdote do Deus Altíssimo.

O homem, cujo tesouro é o Senhor, tem todas as coisas concentradas n'Ele. Outros tesouros comuns talvez lhe sejam negados, mas mesmo que lhe seja permitido desfrutar deles, o usufruto de tais coisas será tão diluído que nunca é necessário à sua felicidade. E se lhe acontecer de vê-los desaparecer, um por um, provavelmente não experimentará sensação de perda, pois conta com a fonte, com a origem de todas as coisas, em Deus, em quem encontra toda satisfação, todo prazer e todo deleite. Não se importa com a perda, já que, em realidade nada perdeu, e possui tudo em uma pessoa - Deus de maneira pura, legítima e eterna.

Por A.W. Tozer

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Pela Excelência

"E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas e as considero como esterco, para que possa ganhar a Cristo" (Filipenses 3:8).

Conheci Jesus há 63 anos. Deixei para trás todas as coisas que poderiam tornar feliz um jovem de 16 anos, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, e estou felicíssimo. Jesus nunca me faltou com nada. É certo que sofri tentações, provações de toda a ordem, mas, em todas elas, Jesus supriu as minhas faltas, tornando-me vencedor pelo Seu Nome (Filipenses 4:13).

Nós, os cristãos de fato (não por tradição), temos a mensagem mais importante a respeito da vida presente e da vida futura. Temos a excelência do conhecimento de Cristo. Sabemos que Ele é Deus conosco, Deus que veio buscar e salvar os que se haviam perdido. Sabemos que Ele consumou a nossa salvação na cruz, morrendo pelos nossos pecados. Sabemos que Ele ressuscitou dos mortos e que está vivo para salvar os que n'Ele crerem.  Sabemos que Ele voltará para levar para Si os que são Seus filhos, pela lavagem da regeneração do Espírito Santo.

Que conhecimento tão excelente este que temos de Cristo Jesus, nosso Senhor! Sabemos que Ele é Deus eterno, santo, poderoso, omnipresente, omnisciente, auto-suficiente, verdade, justiça e amor. Ele é amor. Gosto de pensar neste atributo do meu Deus, que não significa que Ele passa pelo pecado, mas que Ele ama a ponto de perdoar todo tipo de pecado.

Ele ama a todos os homens e mulheres e quer salvar a todos, mas, verdadeiramente, só salva os que n'Ele crerem, porque foi por isso que Ele morreu na cruz. Ele é o salvador dos que n'Ele creem. Você crê nisto?

Também temos o conhecimento de que devemos espalhar por todo o mundo que Ele já consumou, pela Sua morte, a salvação de todos os homens. Nada mais há a fazer, basta que creiamos.

"Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim"(Gálatas 2:20).

Por Luiz José Valério

segunda-feira, 12 de maio de 2014

O Preço do Comprometimento

"Voltou, pois, de atrás dele, e tomou uma junta de bois, e os matou, e, com os aparelhos dos bois, cozeu as carnes, e as deu ao povo, e comeram. Então, se levantou, e seguiu a Elias, e o servia" (1 Reis 19:21).

Quando Elias jogou seu manto, ou sua capa sobre Eliseu, foi um gesto simbólico querendo dizer: "Estou passando o meu chamado para você."

A partir de algumas informações encontradas em 1 Reis 19, descobrimos algumas coisas sobre Eliseu. Em primeiro lugar, sabemos que ele era um homem relativamente rico e veio de uma familia rica.

Como sabemos isso? Porque a Bíblia diz que ele tinha 12 juntas de bois. Naqueles dias, possuir um par de bois significava que você estava muito bem de vida. Para ter 12 significava que você tinha uma considerável área cultivada. Para Eliseu, seguir a Elias não significava uma vida fácil.

O convite de Elias não era para uma vida de lazer ou de um caminho fácil. A vida de Elias era dura. Ele tinha muitos inimigos. Tinha pessoas que o odiavam, sendo a mais conhecida delas a rainha Jezabel. Para Eliseu seguir a Elias significaria que ele teria os mesmos inimigos. As mesmas pessoas que odiavam Elias agora o odiariam.

Muitas pessoas ficam surpresas ao descobrir que a vida cristã não é um parque, mas um campo de batalha. O dia em que você decide seguir a Jesus Cristo, você começa a enfrentar a oposição do diabo. Ele não quer que você cresça espiritualmente. Ele não quer que você ande para a frente. Por isso, ele vai usar todas as cartas que tem na manga para tentar puxá-lo para trás.

Devemos reconhecer que, para seguir a Cristo há um preço a se pagar. Podemos perder alguns amigos. Podemos ter que desistir de algumas coisas. Pode ser difícil às vezes; mas, certamente vale a pena.

Por Greg Laurie

terça-feira, 6 de maio de 2014

Refúgio

"Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem-presente na angústia. Pelo que não temeremos, ainda que a terra se mude, e ainda que os montes se transportem para o meio dos mares. Ainda que as águas rujam e se perturbem, ainda que os montes se abalem pela sua braveza. Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo. Deus está no meio dela; não será abalada; Deus a ajudará ao romper da manhã" (Salmos 46:1-5).

Começamos mais um dia como? Mal abrimos os olhos e já vem a nossa mente a enxurrada de obrigações e afazeres. Horários, noite mal dormida, compromisso que requer atenção, filhos... Não digo para fazer de conta que não temos nada a fazer, mas você se lembrou de agradecer, assim que acordou; pela sua vida, pela noite de sono, pelo teto que te abrigou, e por mais um dia, por os pés no chão e levantar?

Este mundo doido fatalmente nos condiciona a viver no 'automático': acordamos, nos arrumamos correndo, tomamos café, deixamos os filhos na escola, vamos falando ao celular no trânsito, almoçamos... E quando vemos, foi-se mais um dia.

E Deus? No meio de tantos afazeres, lembramos dEle em alguma parte de tantas obrigações? Ele estava ao seu lado por todo o dia, em tudo, mas sequer, em algum período do dia, você se aquietou, sem que fosse pra pedir alguma coisa ou se achar merecedor de pena ou piedade, somente pra ouvir a Sua voz, sentir o Espírito Santo ministrar ao seu coração, e simplesmente conversar com o Pai? Será que estamos dando o tempo e atenção devidas a quem realmente merece?

Crer que Deus é o nosso refúgio, fortaleza, auxílio, braço forte... é uma situação. Nada nos impede de esperar isso de Deus. Deixar realmente Ele ser isso é outra coisa totalmente diferente. Não se lembre de Deus somente quando a batata estiver assando pro seu lado. Não se lembre de orar e esperar alguma coisa no momento de desespero ou quando você não vê solução pra alguma situação.

É aí que está a diferença. Ter Deus como seu tudo, em primeiro lugar, te mostrará que o 'grande problema' não é nada quando estamos com o Senhor em primeiro lugar. O resto, passa a ser resto, literalmente. O que era importante, passa a ser secular, pois Deus, esse sim, tem de ser o seu primeiro fôlego, o seu primeiro sorriso, o seu primeiro impulso de força.

Louve a Deus ao seu primeiro abrir de olhos pela manhã, ao último ao se deitar á noite. Você terá a certeza de viver um Deus que realmente é o seu refúgio e a sua fortaleza.

Por Marcelo Targon

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Volte Para Casa

A prática de usar coisas terrenas para esclarecer verdades celestiais não é uma tarefa fácil. Todavia, ocasionalmente, encontramos uma história, uma lenda ou fábula que transmite uma mensagem tão exatamente como centenas de sermões e com uma criatividade dez vezes maior. Esse é o caso da leitura abaixo. Eu a ouvi contada pela primeira vez por um pregador brasileiro em São Paulo. Embora a tivesse repetido inúmeras vezes, sua mensagem me aquece e me dá nova segurança sempre que faço uma recapitulação da história.

A casinha era simples mas adequada. Ela consistia de um quarto amplo numa rua empoeirada. Seu telhado de telhas vermelhas era um dentre os muitos naquele bairro pobre na periferia da cidade. Era uma casa confortável. Maria e sua filha, Cristina, haviam feito o possível para acrescentar cor às paredes cinzentas e calor ao chão de terra batida: um velho calendário, uma fotografia desbotada de um parente, um crucifixo de madeira. A mobília era modesta: um catre em cada lado do quarto, uma pia e um fogão a lenha.

O marido de Maria morrera quando Cristina era criança. A jovem mãe, recusando teimosamente casar-se de novo, arranjou um emprego e criou a filha do`melhor modo que pôde. Agora, quinze anos mais tarde, os piores anos tinham passado. Embora o salário de doméstica recebido por Maria não lhes permitisse muitos luxos, ele era certo e fornecia às duas alimento e roupas. Cristina tinha também chegado a uma idade em que poderia arranjar um emprego e ajudar a mãe.

Alguns diziam que Cristina puxara à mãe em sua independência. Ela repelia a idéia de casar-se cedo e criar uma família, embora pudesse escolher entre vários pretendentes. Sua pele morena e olhos castanhos atraíam uma série de candidatos à sua porta. Ela tinha um jeito especial de jogar a cabeça para trás e encher o ambiente de riso. Tinha também aquela magia rara que algumas mulheres têm de fazer com que o homem se sinta um rei só por estar a seu lado. Mas a sua maneira irônica de tratar as pessoas mantinha todos os homens a uma certa distância.

Cristina falava muito de ir para a cidade. Ela sonhava em trocar seu bairro poeirento por avenidas suntuosas e a vida citadina. Essa idéia horrorizava a mãe. Maria imediatamente lembrava Cristina dos males das cidades grandes. "As pessoas não conhecem você. Os empregos são difíceis de achar e a vida é cruel. Além disso, se fosse para lá, como iria viver?"

Maria sabia exatamente o que Cristina faria, ou teria de fazer para sustentar-se. Foi por isso que seu coração partiu-se ao acordar certa manhã e ver vazio o leito da filha. Maria soube na mesma hora para onde ela havia ido e sabia também o que deveria fazer para encontrá-la bem depressa. Jogou algumas roupas na mala, reuniu todo o dinheiro que tinha e saiu correndo de casa.

A caminho do ponto de ônibus entrou numa lojinha para a última compra. Fotos. Ela sentou-se na cabine de fotografia, fechou a cortina e tirou fotos suas, gastando quanto pôde. Com a bolsa cheia de fotografias preto-e-branco de si mesma, ela tomou o primeiro ônibus que saía para o Rio de Janeiro.

Maria tinha certeza que Cristina não conseguiria ganhar dinheiro com facilidade. Sabia, entretanto, que ela era teimosa demais para desistir. Quando o orgulho se encontra com a fome, o ser humano faz coisas que jamais pensava fazer antes. Tendo conhecimento disto, Maria começou suas busca. Bares, hotéis, boates, qualquer lugar onde pudesse haver uma meretriz ou prostituta. Foi a todos. E em cada lugar deixou sua foto — colada no espelho do banheiro, pregada num quadro de avisos de hotel, presa numa cabine telefônica. E no verso de cada uma escreveu uma nota.

Não demorou muito para que o dinheiro e as fotografias acabassem e Maria teve de voltar para casa. A mãe cansada chorou enquanto o ônibus iniciava sua longa jornada de volta para sua cidadezinha.

Algumas semanas depois a jovem Cristina desceu as escadas do hotel. Seu rosto mostrava-se pálido. Seus olhos castanhos não dançavam mais, alegres e buliçosos, mas falavam de sofrimento e medo. Seu riso se fora. Os sonhos que tivera se transformaram em pesadelo. Mil vezes quisera trocar aqueles inúmeros leitos por seu catre seguro. Todavia, a cidadezinha em que vivera se tornara de muitas formas distante demais.

Ao chegar ao pé da escada, seus olhos notaram um rosto familiar. Ela olhou de novo e ali no espelho do saguão estava uma fotografia da mãe. Os olhos de Cristina queimaram e sua garganta contraiu-se, enquanto atravessava o salão e removia a pequena foto. Escrita no verso da mesma, achava-se este convite atraente: "O que quer que você tenha feito, o que quer que se tenha tornado, não importa. Por favor, volte para casa."

Foi o que ela fez.

"Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei" (Mateus 11:28).

Por Max Lucado