quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Deus, Fala Comigo?!


Era uma vez um homem que ousou falar com Deus.
- "Deus, queima a sarça como queimaste para Moisés, e te obedecerei."
- "Deus, derruba os muros como derrubaste para Josué, e eu lutarei."
- "Acalma as ondas como fizeste na Galiléia, e eu te ouvirei."

Então o homem sentou-se perto da sarça, ao lado do muro, junto ao mar e esperou Deus falar.

E Deus ouviu o homem, portanto o respondeu:
- "Eu enviei fogo, não para a sarça, mas para a igreja."
- "Eu derrubei um muro, não de tijolos, mas de pecados."
- "Eu acalmei uma tempestade, não no mar, mas na alma."

E Deus esperou a resposta do homem.
E esperou… E esperou… E esperou…

Mas o homem via sarças, não corações. Via tijolos e
não vidas, via mares e não almas; então ele entendeu que Deus nada fizera.

Por fim, olhou para Deus, e perguntou: "Perdeste o poder?!"

E Deus olhou para ele e disse: "Perdeste a audição?!"
Por Max Lucado
Do livro Ouvindo Deus na Tormenta , CPAD

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A Prisão do Querer


Venha comigo à prisão mais populosa do mundo. A instituição que têm mais ocupantes que beliches, mais prisioneiros que pratos. Mais residentes que recursos.

Venha comigo à prisão mais opressiva do mundo. Apenas pergunte aos ocupantes; eles lhe dirão. Eles estão extenuados e subnutridos. Suas paredes são nuas, e as beliches, duras.

Nenhuma prisão é tão populosa, nenhuma é tão opressiva, e, além disso, nenhuma é tão permanente. A maioria dos ocupantes nunca sai. Eles nunca escapam. Nunca são soltos. Eles cumprem uma sentença de vida nesta abarrotada e mal-provida instituição. 

O nome da prisão? Você o verá na entrada. Em forma de arco-íris, acima do portão, seis letras em ferro fundido expressam-lhe o nome: QUERER.

A prisão do querer. Você tem visto seus prisioneiros. Eles estão "em querer". Eles querem alguma coisa. Querem algo maior. Mais bonito. Mais rápido. Mais magro. 

Eles querem. Eles não querem muito, apenas uma coisa. Talvez um novo emprego. Um novo carro. Uma nova casa. Um novo cônjuge. Eles não querem muito. Querem apenas "uma" coisa.

E quando eles tiverem "uma", serão felizes. E eles estão certos – eles serão felizes. Quando eles tiverem "uma", sairão da prisão. Então acontece. O cheiro de carro novo passa. O novo emprego fica velho. O vizinho compra uma televisão maior. O novo cônjuge possui maus hábitos. As expectativas passam, e antes que se perceba, outro ex-condenado quebra a liberdade condicional e retorna à cadeia.

Você está na prisão se você se sente melhor quando tem mais. E pior, quando tem menos. Se o contentamento é uma libertação remota, uma transferência distante, um prêmio ao longe ou uma renovação afastada. Se a sua felicidade vem de algo que você deposita, dirige, bebe ou digere, encare os fatos – você está na prisão, a prisão do querer.

 Esta é a má notícia! A boa é: você tem uma visita. E a sua visita tem a mensagem que pode colocá-lo em liberdade. Percorra o caminho até a recepção; sente-se em sua cadeira, e olhe através da mesa para o salmista Davi. Ele acena para que você se incline à frente. "Tenho um segredo para você", cochicha ele, "o segredo da satisfação: O Senhor é o meu pastor; nada me faltará (Salmo 23:1)".

Davi encontrou a pastagem onde os descontentes vão morrer. É como se ele estivesse dizendo: "O que tenho em Deus é maior que o que não tenho na vida".

Acha que você e eu poderíamos aprender a dizer o mesmo?

Pense por um momento nas coisas que você possui. Pense na casa que você tem, no carro que você dirige, no dinheiro que você guardou. Pense nas jóias que você herdou, nas ações que você negociou e nas roupas que você comprou. Visualize todos os seus bens, e então deixe-me dizer-lhe duas verdades bíblicas:
Seus bens não são seus. Pergunte a qualquer juiz investigador de mortes suspeitas. Pergunte a qualquer embalsamador. Pergunte a qualquer diretor de casa funerária. Ninguém leva nada consigo. Quando John D. Rockefeller, um dos homens mais ricos da história, morreu, seu contador foi interrogado: "Quanto John D. deixou? O contador respondeu: "Tudo!"

"Como saiu do ventre de sua mãe, assim nu voltará, indo-se como veio; e nada tomará do seu trabalho que possa levar na sua mão" (Eclesiastes 5:15).

De todos estes bens nada é seu. E sabe o que mais sobre estes bens? Eles não são você. Quem você é não tem nada a ver com as roupas que você usa ou com o carro que você dirige. Jesus avisou: "A vida de qualquer não consiste na abundância do que possui" (Lucas 12:15). Deus não conhece você como o companheiro com o terno elegante, ou a mulher com a casa grande, ou a criança com a bicicleta nova. Deus conhece o seu coração. "O Senhor não vê como vê o homem. Pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração" (I Samuel 16.7). 

Quando Deus considera sobre você, Ele pode ver sua compaixão, sua devoção, sua brandura, ou agudeza mental, mas não pensa em suas coisas. E quando você reflete sobre si, deveria fazer o mesmo. Defina a si mesmo pelo que possui, e se sentirá bem quando tiver muito, e mal, quando não tiver. O contentamento vem quando podemos, honestamente, dizer como Paulo: "Já aprendi a contentar-me com o que tenho [...] Estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância quanto a padecer necessidade" (Filipenses 4.11,12).

Doug Mcknight podia dizer estas palavras. Aos trinta e dois anos, ele recebeu o diagnóstico de esclerose múltipla. Pelos próximos dezesseis anos, isto lhe custaria a sua carreira, a sua mobilidade, e eventualmente a sua vida. Por causa da doença, ele não podia alimentar-se sozinho ou andar; ele combateu a depressão e o medo.

Contudo, do começo ao fim, Doug nunca perdeu o seu senso de gratidão. A evidência disto via-se em sua lista de oração. Amigos de sua congregação pediram-lhe para compilar uma lista de pedidos, e assim poderem orar por ele. Sua resposta incluía dezoito bênçãos pelas quais agradecer, e seis assuntos pelos quais orar. Suas bênçãos excediam três vezes a suas necessidades. Doug Mcknight havia aprendido a estar contente.

De igual modo aprendera a leprosa da ilha de Tobago. Um missionário conheceu-a numa de suas viagens. No final do dia, ele estava liderando a adoração numa colônia de leprosos, e indagou se alguém tinha uma canção favorita. Foi então que uma mulher se voltou e ele viu a face mais desfigurada que jamais vira. Ela não tinha orelhas nem nariz. Seus lábios já não existiam. Contudo, ela levantou uma das mãos sem dedos e pediu: "Poderíamos cantar Conta as bênçãos?" O missionário começou a canção, mas pôde terminá-la. Mais tarde, alguém comentou: "Suponho que você nunca mais será capaz de cantar este hino novamente". Ao que ele respondeu: "Não, eu o cantarei novamente. Mas nunca mais da mesma forma".

Você está esperando que uma mudança nas circunstâncias traga uma mudança à sua atitude? Se assim é, você está na prisão, e precisa conhecer um segredo sobre viajar sem bagagem. O que você tem no seu pastor é maior do que você não tem na vida.

Posso intrometer-me por um instante? Qual é a única coisa que separa você da alegria? Como você completaria a frase: "Serei feliz quando __________" - Quando eu for curado? Quando eu for promovido? Quando me casar? Quando eu ficar solteiro? Quando eu for rico? Como você completaria esta declaração?

Agora, com a sua resposta firme na mente, responda esta: Se você nunca tirar a sorte grande, se o seu sonho nunca se tornar realidade, se a situação nunca mudar, poderá você ser feliz? Se não, você está dormindo na fria cela do descontentamento. Você está na prisão. E você precisa saber o que você tem através de seu Pastor, o Senhor Jesus.

Você tem um Deus que o escuta; tem o poder do amor atrás de você, o Espírito Santo dentro de você, e todo o céu dentro de você. Se você tem o Pastor, você possui graça para cada pecado, direção para cada curva, luz para cada canto, e uma âncora para cada tempestade. Você tem tudo o que precisa.

E quem pode tirá-lo de você? Pode a leucemia infectar a sua salvação? Pode a bancarrota empobrecer suas orações? Um tornado pode levar-lhe a casa terrena, mas tocaria ele o seu lar celestial?

E olhe para a sua posição. Por que o clamor por prestígio e poder? Você já não se sente privilegiado por ser parte do maior trabalho da história?

De acordo com Russ Blowers, nós somos. Ele é um ministro em Indianápolis. Sabendo que seria interrogado na reunião do Rotary Club acerca de sua profissão, resolveu dizer mais que "eu sou um pregador". Em vez disso, ele explicou: "Oi, sou Russ Blowers. Estou num empreendimento global. Temos ramificações em cada país do mundo. Temos representantes em quase todos os parlamentos da terra, bem como nas salas de reunião de diretoria. Somos pela motivação e alteração de comportamento. Movimentamos hospitais, posto de alimentação, centros de gravidez de risco, universidades, editoras e casas de saúde. Cuidamos de nossos clientes do nascimento à morte. Gostamos de seguro de vida e seguro contra incêndio. Realizamos transplante espiritual de coração. Nossa organização original possui todos os bens imóveis da terra mais um sortimento de galáxia e constelações. Ele conhece todas as coisas e vive em toda parte. Nosso produto é gratuito (Não existe dinheiro suficiente para comprá-lo). Nosso Comandante nasceu numa cidade rústica, trabalhou como carpinteiro, não tinha uma casa, era mal-compreendido por sua família e odiado por seus inimigos, andou sobre as águas, foi condenado à morte sem julgamento, e ressuscitou da morte. Eu falo com Ele todos os dias.”

Se você pode dizer o mesmo, não tem razão para estar contente?

Certa vez um homem foi pedir conselho a um pastor. Ele achava-se no meio de um colapso financeiro. 
-"Perdi tudo", lamentou ele.
-"Oh, estou tão triste por você ter perdido a sua fé".
-"Não", corrigiu o homem, "não perdi a minha fé".
-"Bem, então sinto muito por você ter perdido o seu caráter".
-"Eu não disse isto", tornou a corrigir ele. "Ainda tenho o meu caráter".
-"Que pena você ter perdido a sua salvação".
-"Não foi isto o que eu disse", objetou o homem. "Não perdi a minha salvação".
-"Você tem a sua fé, o seu caráter, a sua salvação. Parece-me", observou o ministro, "que você não perdeu nenhuma das coisas que realmente importam".

Nem nós as perdemos. Você e eu poderíamos orar como o puritano. Ele sentava-se para uma refeição de pão e água, curvava a cabeça e dizia: "Tudo isto e Jesus também!"

Não podemos estar igualmente satisfeitos? Paulo declarou que "é grande ganho a piedade com contentamento" (I Timóteo 6:6). Quando entregamos a Deus o incômodo fardo do descontentamento, não apenas desistimos de algo, mas ganhamos alguma coisa. Deus o substitui por um que seja leve, feito sob medida, à prova de tristeza e adicto da gratidão.

O que você ganhará com o contentamento? Poderá ganhar o seu casamento. Poderá ganhar horas preciosas com os seus filhos. Poderá ganhar o seu auto-respeito. Poderá ganhar alegria. Poderá ganhar a fé para dizer: "O Senhor é o meu pastor; nada me faltará"!

Tente dizê-lo bem devagar: "O Senhor é o meu pastor; nada me faltará".
Novamente: "O Senhor é o meu pastor; nada me faltará".
De novo: "O Senhor é o meu pastor; nada me faltará".
Shhhhh. Ouviu alguma coisa? Acho que ouvi. Não tenho certeza... mas acho que ouvi a porta de uma prisão se abrindo.
Por Max Lucado
Do livro Aliviando a Bagagem, CPAD